No próprio documento, Sergio Moro ressalta
que “não há nenhum indício nas conversas [envolvendo Lula, Dilma e ministros do
STF], ou fora delas, de que as pessoas citadas tentaram, de fato, agir de forma
inapropriada”. Então por que vazou? Para se vingar. Porque foi contrariado.
Para incendiar um país
Na tarde de quarta, 16,
houve um quiproquó em
frente ao Palácio do Planalto, em que deputados, seus assessores, movimentos de
extrema direita e penetras como Fernando Gabeira bateram panela e gritaram
“Fora Lula” e outros slogans da Avenida Paulista.
Fernando Henrique,
Gilmar Mendes e Sergio Moro não estavam presentes pessoalmente, mas em espírito
— e um espírito público que se apequena mais e mais, em busca de atirar o
Brasil no caos.
Moro vazou para o G1 e
a GloboNews o conteúdo de
grampos de conversas entre Lula, Dilma e ministros do STF. Justamente
no dia em que o ex-presidente assumia a Casa Civil. As gravações trazem um
diálogo sobre o convite. No trecho que está sendo usado como prova de obstrução
de Justiça, Dilma fala que está mandando o termo de posse.
— Use em caso de
necessidade, tá?
Moro encaminhou o
despacho para o STF. No próprio documento, ressalta que “não há nenhum indício
nas conversas, ou fora delas”, de que as pessoas citadas tentaram, de fato,
agir “de forma inapropriada”.
Então por que vazou?
Para se vingar. Porque
foi contrariado. Para incendiar um país.
Ele está em boa
companhia. Citado na delação de Delcídio, que mencionou os esquemas na
Petrobras quando presidiu a empresa, entre 1999 e 2001, FHC tirou os punhos de
renda e declarou para uma plateia de corretores de seguros que “conhecimento é
fundamental. Você não pode dirigir esse país sendo analfabeto. Não dá”.
Lula no ministério é
escandaloso e “um erro do ponto de vista da organização do governo”. A
sociedade precisa “reagir energicamente” ao fato de “uma pessoa ser ministro no
momento em que pode se tornar réu em um processo”. No governo dele, “no tempo
de Jesus Cristo, houve alguém que fez alguma coisa errada. Sempre ocorreu.”
A catilinária de FHC
perdeu em baixo nível apenas para a de Gilmar Mendes, que insiste em confundir
as funções de juiz com as de político em campanha.
Na sessão que derrubou
os recursos de Eduardo Cunha para o rito do impeachment, Gilmar, sempre
estrebuchando, enfurecido, o lábio pendente, lembrou que “o quadro se agrava”.
Lula assume o posto,
segundo ele, “na condição de ser um supertutor da presidente da República. É
preciso muita desfaçatez para obrar desta forma das instituições. É preciso ter
perdido aquele limite que distingue civilização de barbárie.”
A conversa de
civilização contra barbárie foi usada por muita gente boa, como Hitler, que
queria uma “raça pura, única, civilizada”.
Ambos têm uma ficha
corrida de dar gosto. A de FHC, particularmente, ganhou contornos mais
coloridos e inescapáveis desde a delação contrariada de sua ex-namorada, a
jornalista Mirian Dutra. De onde veio isso, tem mais.
A inversão moral é uma
ferramenta perigosa. Lula é acusado por essa gente que espuma de ser incitador
do “ódio de classes”. Ora, acusar alguém de analfabeto é o quê? O que vem
depois? Nordestino safado?
É um caso de estudo. A
demagogia não incentiva apenas revoltados on line que escrevem em caixa alta,
mas provoca uma reação instintiva que foge a qualquer controle. Ela cria um
ciclo de raiva, medo e ódio e violência que empurram moderados para o extremo.
É o que eles querem?
Sim. O golpe está nas ruas.
Fonte:
www.pragmatismopolitico.com.br
0 comentários:
Postar um comentário